quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

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Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos.

Sebastião da Gama

Sebastião da Gama não é um dos poetas mais conhecidos da praça. Mas isso não significa que não seja um dos que melhor sabe descrever o sonho e a sua matéria, bem como a vontade inesgotável de o alcançar. Setubalense de Vila Nogueira de Azeitão, morreu precocemente, aos 28 anos vítima de tuberculose, com a vista a pousar no Portinho da Arrábida. Os seus poemas tinham um cariz popular que muito me agrada, com palavras simples e com uma métrica tradicional, e assim mesmo disse tanto e tão belo! Aliás, não são as coisas simples as mais belas?
Pelo sonho é que tento ir sempre, de pés na terra, mas de sonhos bem ao alto. Pode existir a incerteza, mas se não tentarmos, ficará sempre a mágoa do que poderia ter sido, e nada pior que isso.
Teve aqui o seu lugar, bem merecido na minha óptica.
Honremos o seu conselho: Partamos, vamos, sejamos.

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