quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Saudade.

(imagem de um graffiti de Amália, a eterna voz da saudade)


Viver de saudades é não viver. É sufocar, é parar quando o tempo não permite essa paragem, e acordar demasiado tarde. Já vivi em saudade. Agora, muito menos.
Ao ler este post, num blog que já leio há muito, (mas só agora oficialmente :D), apercebi-me do quanto gastei a minha vida e a minha pessoa a viver em função de uma recordação que já não irá passar disso mesmo, porque por mais que Pilar tenha amado José, a vida compreende a morte, e, feliz ou infelizmente, temos de aprender a lidar com ela da melhor forma, de forma a que quem vá não nos leve ( emocionalmente) com ele. Foi uma aprendizagem dura que tive de impôr a mim mesma para sobreviver, para ter a vida em plenitude e sem rancor com o passado. Detestei, cheguei a odiar o passado, as circunstâncias da vida que me tinham levado até a tua pessoa. Porque já não estavas, e eu fiquei, depois de tanta luta, de tanto amor, fiquei sozinha. Não é assim que todos acabamos? Em solidão? Vida ingrata. Mas continuei, engoli lágrimas, chorei as que quis, até atingir a clareza na minha mente: sou jovem e tenho a epopeia da vida para ser FELIZ. Se não estamos cá por isso, para pôr a mecânica das emoções em movimento, para que estamos afinal? Para quê ser triste quando se pode ser alegre, para quê espalhar vibrações negativas, quando temos o poder de animar a multidão e de nos surpreendermos a nós próprios?
Parece fácil, dito assim. Quando o dia reina lá fora, enquanto o sol brilhar, e enquanto os sorrisos daqueles que amo brilharem ainda mais nas suas caras, eu serei a alma da festa, a pessoa mais feliz. Quando a noite cair, quando tocar aquela música no MP3, aquela e mais nenhuma, lembrar-me-ei do dia que passou e no quanto lutei por um sorriso ou gargalhada e desejei baixinho que também a tivesses sentido. E aí posso permitir-me uma lágrima ou duas, mas de felicidade em memórias que me doem e me aliviam ao mesmo tempo.
E eu sou feliz, hoje. Porque te amei e te deixei sê-lo também. No meu supremo altruísmo.
Enquanto falo despreocupadamente de ti, sinto o quanto cresci. Oh, cresci tanto! Já não sou a miúda confusa e insegura que fui.
E enquanto primo as teclas do computador, sinto que me olhas com orgulho, quase por cima do ombro.
Sorris.


 (Por alguma razão, saudade só se escreve em português)

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